quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Persona

Sou duas pessoas em
uma.
Estou aqui para conhecer
a dor e sobrepujá-la.
Sou o que me diz
e o que me cala;
o astral radioso
de uma noite infinda;
um anjo torto e caído,
que brinda;
sou todo coração.

Seja no frio,
seja no verão,
aqui estou jogado
a leões domesticados,
que não sabem mais
o que é ser selvagem.

Um é dor, o outro é alegria.
Um é ator, o outro é confraria.
Um é andor e o outro é santo.
Não posso mais suportar
o peso de tanta gente
em mim.

Tem o que fui e o que
seria;
o que vi e o que
queria;
o que sou e o que me torno,
constantemente.
Estou sentado na janela do presente,
imaginando carros rasgando ruas
e luas atraídas por marés.

Vivo para tentar compreender
por que definho, a tomar
toda a verdade pelo
vinho; e sempre
à sorte estar à
mercê.


Fabiano Martins.

7 comentários:

  1. Me ha encantado este poema.
    Yo también estoy sentada en la ventana del presente, escribiendo.

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  2. Vi um muito de mim nestes teus versos.

    Adorei o seu espaço.

    Com certeza, virei mais vezes, se for bem-vinda, é claro!

    :D

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  3. Elisabeth,
    Obrigado por compartilhar tua impressão. Temos muito em comum.

    Macabea de La Mancha,
    Seja muito bem-vinda! Obrigado pela delicadeza das tuas palavras. Vou adorar te ver mais por aqui.

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  4. "Não posso mais suportar o peso de tanta gente em mim."

    Este é um poema que define - ou tenta definir, posto a dificuldade do caso - o ser, em suas dualidades, ambiguidades, até. Acho que a melhor forma de compartilhá-lo como poema seria no "divã" da roda à fogueira em um lual à beira mar, onde o mundo se reuniria pra contar suas histórias - complexas, diversas, igualmente humanas.

    (Porque gosto tanto daqui...)

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  5. Definitivamente perfeito!

    Beijinhos no coração!

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