segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sol capital

Sob o sol forte
fazemos política tropical.
O meu tempo vai se acabando, mas
sou forjado à areia e sal.
Quero ter arestas a aparar
e frestas por onde entrar.
Quero frescas flores na janela
aguardando meu passar.
Hei de me lembrar,
o fascínio
é condescendente
tende a extirpar
o que antes era sublime,
hoje é vazio
a se fartar.
Hei de me lembrar,
e, lembrando,
hei de vir assim,
como o filho
nasce belo,
quando fazes algo
por mim.
As flores são para a janela,
o bebê para o capital.
Rosas turvam amarelas
e, ao adulto, seu final.
São confrontos indeléveis
que cotidianamente
tomam lugar:
entregamos filhos às cidades
para sistematicamente
nos alienar e
em ostracismo procuramos prover
um pouco mais de vida aqui,
enquanto outros facilitam o morrer
e, ousados,
apressam o porvir.


Fabiano Martins

Nenhum comentário:

Postar um comentário