sábado, 5 de outubro de 2013

Quem

Eu só te escolho quando você me escolhe,
só te sorrio com a possibilidade da morte.
Silencio a verdade aparente
e, por trás dos gonzos que rangem, videntes,
apareço.
Sou a folha da árvore morta no outono,
a primavera que a planta tem de abono.
Sou o vento frio que escrespa o mar do sul,
sou feroz e sedento,
sou vil e sou um.

Eu só te mostro aquilo que consegues ver.
Só te emociono com as coisas que tens a capacidade de conceber.
Sou como a vontade da palavra que surge por entre os atos desesperados:
sou um rato, 
presto, 
um rato a morder.

Eu sou o som da noite escura e fria,
a solidão dos que entoam esta sinfonia.
Sou a felicidade incrivelmente arredia
e trago nas mãos a forma sublime e simples 
do desmerecimento eterno.


Fabiano Martins

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Vazio

Procuro olhar até ver o que não me é permitido enxergar.
Quero entender através do amor,
mas nem bem sei amar.
Procuro atentar a cada detalhe,
a cada forma que toma-se em ilusão,
a cada passo dado,
a cada adeus;
em cada negação.
Sou o bem que nasce espontâneo,
mal que assim se faz também.
Sou o que se permite acreditar 
mas, sem certeza,
sou dúvida.


Fabiano Martins