segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cetim

Cetim
que amotina
o meu coração

Confins
desprendidos
desmensurados
ouvidos
aos brados
fartos
neste quinhão

Não me conheço

Sei da boca seca
do lábio ressequido
e da língua úmida
sei de mim

de ver os montes longes
ininterruptos,
enfim,
mas não sou de saber mais
Bem mais
me encontro
longe
nesta página virada
relembrada pelo fim

Sou fogo transcendido
verde que fito
ansioso
de ver perdido
de novo
coração
que dá sinal de estar
fora do jogo
logo
o logro
queime
tão longe
se resenhe
a tempestade
que
em pedido
findará.

Fabiano Martins

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Demais

Guardava a lingua na boca
e quando ela finalmente aparecia
estava vermelha
olhos ferinos
cuspia
virava-se
Olhos notívagos
discrepantes
cansados
Olhos de lembrar
um amor do passado
tirava a língua da boca e cada vez que tossia
manchava o pano
em suas mãos
nos termos dados, escondidos,
nos amores assaz renegados,
nas juras de ódio, no cais interno
ferido
para que fossem feitas diretrizes corretas
para que o amor
fosse visto em tons de violeta
e na roleta russa
do tempo
atentar contra a própria vida
manchada de vermelho
feito a sua língua
De tanto fumar cigarros,
o bem dos sorrisos tornou-se passado
de tanto fumar cigarros o pulmão
passivo
se viu
achatado
cinza
poluído,
amor demais, feito o vício
acata ordens insanas
nos divide, nos mata,
nos engana.

Fabiano Martins