terça-feira, 2 de agosto de 2011

Em frente ao retrato

"Minha palavra guarda minh´alma",
diz a menina frente ao retrato.
"Minha palavra guarda minh´alma",
simples e cru, feito o fato.
"Minha renda, minha roupa,
meus remendos, meu farrapo.
Minha infância imaculada
perdi pela rua,
às quinze pras quatro.
Minha palavra, somente, é que guarda minh´alma.
Meu corpo doei,
feito doente
para a cura que sana.
Encantei-me desse vilipêndio
sem vileza, com dispêndio.
Exijo o comportamento exíguo
e sofro,
como sofro contigo!
Adentrada pela porta
errada,
usual minha triste
fábula:
aguardo na calçada,
a carona comum
de um dia
e mais
nada."


Fabiano Martins.

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