Na calçada da Candelária,
à imponente igreja,
ressaltada está, bem em frente,
a marca que o homem
enseja.
São corpos pequeninos
desenhados
a giz
no chão.
Anjos doentes
velados
sem sono,
pertencentes ao dragão.
As metralhadoras
desatinadas
são abafadas
pelo som de escapamentos:
a dura realidade está ali
sobre o cimento,
mas
ninguém percebe
o desejo maturado
de libertação.
Ninguém percebe
que as amarras
são do homem
para o homem, por
imposição.
Sinos dobram.
É hora da missa,
passam os senhores antigos
e as noviças,
passam homens de bem
e ladrões, passam carros
trens, multidões.
De um a um todos passam
sabendo que passarão,
mas, desatentos, não se detêm a
olhar para o chão.
Eu me esquivo
quando por ali
passo
Apenas um reflexo, talvez,
descompasso.
O que temo é ser vítima
também,
Não das balas encontradas
nos corpos findos,
mas de tudo que
precede
o meu
amém.
Fabiano Martins
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bela tua poesia.
ResponderExcluirMelhor ainda o (im?/ex?) plícito protesto.
Passei pela frente da Igreja da Candelária no início do ano...por uma série de imprevistos, não pude conhecê-la,foi uma lástima.O Rio de Janeiro (como na poesia de Gilberto) é "lindo, e continua sendo..."
lindo e paradoxal.;)