terça-feira, 2 de agosto de 2011

Cumplicidade

Cumplicidade
está no cheiro,
naquilo que é normal;
no que é visível,
porém não é;
no que há de imaterial.
Cumplicidade
é ter por inteiro
a cidade para explorar,
mas preferir ser mil vezes
o mesmo
poeta que vive a pensar
No cheiro de aspargos in natura;
Na razão de tantas regras;
No ocaso que traz a feiúra,
mas é transformado pela mais bela.
Ser cúmplice e amante
é ser mais do que um instante;
é o gozo repetido,
tantas vezes
se fundindo;
É o suor que a boca amarga
e o coração adoça;
É a maçã, que vive rubra
numa mesa sempre posta.
Eu sufoco nos teus braços
a razão de estar aqui.
Viver e viver,
pra quê?
Simplesmente, pra te ouvir.
E recuso hermetizar-me
mais do que deixa a poesia.
Recuso rebuscar-me
mais do que deveria.
Cumplicidade é abrir mão de tudo,
e em tudo encontrar felicidade;
É se dar bem com todo o bufão
e encontrar razão
na adversidade.
É o que me motiva
forte, frente à fronte do mal;
é o que me diz
o que seria o ser humano ideal;
É o que abre as portas da percepção;
É o amor sincero e parceiro,
de quem de mim nada precisa;
É querer de uma tarde de julho,
apenas a remissão imprecisa
de pecados e alentos;
É estar sempre perto,
sempre atento.
Cumplicidade é
beber tua saliva e
Repreender tua ogeriza,
Quando em mim se enraíza
o bafo matutino e os outros desprazeres
que a cumplicidade
tem.


Fabiano Martins.

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