terça-feira, 30 de agosto de 2011

Escolhas

Dizem-me que não tenho motivos;
que estou perdido;
e que sou ingênuo.
Dizem-me que devo
ser
pequeno.

Mas contra todos os zumbidos,
e todas as moradas,
contra todos os conselhos
e coisas abnegadas,
resta apenas o sentimento que se tem.

Essa voz que fala comigo
aqui dentro
não me
faz copiar
moldes vazios,
quer viver sem o brio
do ouro de tolos
e do vintém.

Não, de verdade,
estou farto!
Não vou contar centavos,
nem quero dizer amém.
Devo perseguir
a coisa amada;
ver além da madrugada;
resgatar-me pelo bem.

Eu, reprimenda de conselhos,
repreendo meus desejos
e ensejos
de ser
alguém.


Fabiano Martins

3 comentários:

  1. Entro aqui e não tenho vontade de sair.
    Poema LINDO, intenso, de uma verdade tão minha...espelho meu!

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  2. vôo sonhado



    da calçada
    de pedra cal
    alça vôo a caça
    cauda lírica

    - carcaça em arco estral -

    náufraga
    de cerradas escarpas
    é couraça de cristal
    que trinca na tarde
    entremeada às traças

    o branco do céu
    em mantra nessa cortina
    densa de (r)astros
    se ergue
    uma correnteza
    de tramas

    nos meandros da sombra
    vertem fragrâncias de frascos
    do ventre à vértebra
    inerte que afronta

    (re)pousa
    ao revérbero dos olhos
    onde rochas tremem
    em trevas sentidos secretos
    dos poros

    - de espáduas amplas -

    que bradas ?
    se recusa já calva
    no crepúsculo a tecer
    traços (ex)traídos
    da palavra ?

    - o hálito -

    em pó
    sem asas
    cumpre o hábito
    ato pró-
    digo - de quase estorvo -
    estuar o último vôo
    ao troar do corvo
    tão só

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  3. Jaci,
    vemos as coisas de forma parecida.
    bjs

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