sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Elementar

Tiros,
opróbrio do povo.
Força coercitiva
do Estado Novo.

Balas.
Velozes, atravessam;
em chamas, queimam;
alardeaim.

Bombas.
Oh, doce matemática!
Atômicas, iônicas...
Idiossincráticas.

Navios.
Furtivos, chegam e vão.
Em vão, os tiros
detêm a importação.

Banheiros públicos,
Sujos, ratoeiros.
Imundos bueiros
explodem.

Prostituição.
Salgadas e ásperas,
lisas ou não;
São rosas que se colhem
para qualquer situação.

Nudez,
Artífice da alma do poeta.
Há que se perder em desalinho
para enfim tê-la completa.

E nos quadros sucessivos,
e na repetição,
E nos suspiros idos,
E na insatisfação,
E da voz que te diz "continua!"
e da que te freia ao "não",
As mesmas verdades ecoam,
disfarçadas de ilusão.


Fabiano Martins

3 comentários:

  1. Fiquei impressionada com a sua capacidade de juntar tudo numa coisa só. Das verdades disfarçadas de ilusões, você rodou o mundo e chegou na arte do poeta. É isso que chamo de poesia. Você escreve verdade com liberdade e autenticidade. Texto riquíssimo, Fabiano. Parabéns.

    Abraço em ti.

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  2. Cada vez melhor, caro amigo. Muito bom!!!

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  3. Bastante interessante e deveras criativo tudo que escreve, meu caro!! Meus parabéns. Beijos. Ótimo final de semana. Au revoir.

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