quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Curvelo de Santa




No curvelo,
deixei minha alma,
numa manhã
chuvosa
de carnaval e alegria.
Por onde andei?
Santa Tereza
é quem me guia,
junto a uma multidão...
pois foi no curvelo
de um dia,
em um
paralelepípedo,
que entreguei
meu coração.


Fabiano Martins

3 comentários:

  1. Que bela poesia!

    Tens uma forma original...
    Que fala ao coração.

    Abraço meu caro Fabiano.

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  2. bellos versos nos regalas dulce poeta , infinitas gracias por acariciar nuestros sentidos con ellos, un besin de esta amiga admiradora.

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  3. O Curvelo e Santa Tereza lembram o nosso queridíssimo Manuel Bandeira. Davi Arrigucci Jr. tem uma tese interessante, de que Bandeira, quando projetou Pasárgada, pensava na Lapa:

    "... a Lapa literária, tecida entre todos, lembra Pasárgada, com sua consistência de desejo e sonho, feita do tecido da imaginação, mas correspondendo a realidades profundas da alma e a aspectos concretos da vida material. Na verdade, se percebe o quanto a própria Pasárgada bandeiriana tem a ver com a atmosfera da Lapa literária e boêmia dos anos 20, de modo que as aspirações singulares do poeta, barradas pela vida madrasta, se descobrem de repente realizáveis no mundo próximo e libertário da vida boêmia, no mais prosaico dia-a-dia do ambiente carioca." (Arrigucci Jr., Davi. Humildade, paixão e morte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 66).

    Sobre esta Lapa boêmia, eu li um livro muito bom, do Luis Martins (jornalista bon vivant que depois se casou com a Tarsila e foi embora para São Paulo). Um trecho:

    "A belle époque brasileira (ou carioca, se o quiserem), são os vinte e cinco anos que vão do governo de Rodrigues Alves à deposição de Washington Luís. No tempo, portanto, em que eu, meninote e adolescente, me perdia em excursões solitárias pelas ruas da Lapa, essa belle époque ia chegando ao fim. Ora, mais ou menos por essa época, exatamente nesse período, um grupo ilustre, que reunia algumas das figuras mais brilhantes e expressivas do modernismo brasileiro, antes e depois da Semana de Arte Moderna, enchia, com o tumulto de sua mocidade inquieta, os clubes noturnos, os cabarés, os botequins, as rues chaudes do famoso bairro. Eu tenho para mim que foi esse grupo que verdadeiramente 'descobriu' a Lapa e criou sua legenda romântica de versão montmartriana dos trópicos. Uns dez anos antes de nós. Chamavam-se, esses boêmios de talento, Raul de Leôni, Ribeiro Couto, Jaime Ovalle, Caio de Mello Franco, Di Cavalcanti, Oswaldo Costa. Nos últimos tempos, Sérgio Buarque de Holanda e Dante Milano, os benjamins da turma. E, em fugazes aparições, aparece, esquivo, intermitente e raro, porque a saúde frágil e comprometida não lhe permitia excessos de vida desregrada, Manuel Bandeira, que morava no Curvelo, no morro de Santa Teresa ... Aliás Ribeiro Couto já morava no Curvelo, antes mesmo de para lá se mudar o grande poeta de Libertinagem, o que este fez em 1920, depois que perdeu o pai." (Noturno da Lapa, 2004, p. 49-51)

    Então, eu descobri esse livro meio por acaso, por conta da tese, e foi uma leitura muito agradável.

    Em tempo: parabéns pelo poema e pelos novos ares do blog. Abraço.

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