sábado, 24 de setembro de 2011

Sobre a falta de gentileza

Às vezes, me sinto
um figurante solitário
num comercial de
supermercado.
Ando pelas ruas
a aguentar
o peso de uma sacola.
Sob o pretexto de estar
atrasado,
me ponho a andar
mais rápido.
Subo elevadores,
escadas;
atravesso portões.
Falo das coisas
erradas;
aprendo antigas lições.
Tenho mais uns
cinquenta anos
de vida,
se tudo der certo até lá...
Não sei o que acho direito
deste manto
que cinge
estelar.
Não tenho tempo
para ver o céu;
devo me ensacolar.
Há vazio nos muros
do Rio,
Há vazão de maré
atrasada,
Há viver e viver
sem falar.
Há o que há
na sacola
pesada.


Fabiano Martins

9 comentários:

  1. Tal vez el peso se deba precisamente al gran vacío que siente una vida.

    Saludos.

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  2. A sacola, a mala... - a bagagem? - O viver!

    Belo!!!

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  3. Realmente, às vezes a vida parece um saco... ou uma sacola de supermercado prestes a rasgar com o peso que carregamos...

    Wesley

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  4. As vezes carregamos na nossa sacola (vida) demasiadas coisas desnecessárias. É preciso deixar-se leve, apenas com o essencial do viver.

    Muito legal. :)

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  5. Nessa sacola há sempre mais espaço.Importante é saber com que nós devemos preenchê-la: com angústias que pegamos no setor de "erros do passado" ou de fé que apanharemos no setor de "dias muito melhores virão?"

    Saudações tricolores!

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  6. Halcón,
    Vazios podem ser pesados. Abraço!


    Larissa,
    Coisas de gente, sim!
    Obrigado pela visita.


    Jaci,
    Tudo o que couber!


    Wesley,
    O alento é que é assim pra todo mundo.
    Abraço


    Mariana,
    Difícil é saber o qual a medida do essencial.
    bjs e obrigado pela visita.


    Marcell,
    Afinal, somos nós os "compradores", não é mesmo?
    Saudações alvinegras! Abraço

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  7. Como aligerar la bolsa, esa sera la reflexion. Muy lindo. Un abrazo

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