quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Do pensamento anárquico

Se te pedirem o troco na rua,
dê tudo que tens.
A divisão nesse mundo é injusta,
não te custa
custear alguém.

Mesmo que esta intenção
legitime
a bebedeira inveterada de outrém.

Qual razão
para viver é a mais sublime -
e quem sou eu para responder...
e você
é
quem?

Se te pedem algo na rua,
dê mesmo que vá te faltar.
Há verdade na água da chuva,
mas não em se negacear.

A carteira repleta é ilusão,
preenchê-la a qualquer preço,
irremediavelmente,
levará à perdição.

Não te locupletes
de coisas vazias: compras, cabelos,
companhias..
Ora, o que te faz superior a alguém?
Mesmo o mendigo
que às tramas se lança,
em tanta armadilha
e tanta intenção,
é um homem - também um bicho, -
a qual o outro não estende a mão.

Por isso, te peço que does
o que lhe permitir o ego,
sem ter demasiada vaidade
pelo seu desapego.

Palavras, eu entrego
a quem as quiser portar.
Também não sou capataz de dinheiro,
pois que este é um meio
matreiro
de fazer o amor faltar.


Fabiano Martins.

3 comentários:

  1. te superas a cada instante!
    - Tua poesia respira sozinha, as angústias tão comuns a quem guardou algo de bom em sí! - Respiro um pouco mais, como bem já disse Quintana...

    " Quem faz um poema abre uma janela.
    Respira, tu que estás numa cela abafada,
    esse ar que entra por ela..." (M. Quintana)

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  2. Que possamos sempre ser mais! - anárquicos, reais em essência, ou qualquer coisa assim... =)

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  3. Obrigado, Jaci.
    Contestar (respirar) é preciso!

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