terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sistema

Verdades engatilhadas:

É fato consumado
Que o pensamento é revolução
Que o capitalismo é soberano
Que só importa a paixão

Resposta:

É fato consumado
Que o pensamento é revolução
Inteira o ser humano
E tira dele a arma da mão

Capitalismo a devolve
faz querer comprar a televisão
Ter o que a ingrata (porém bela) nega
E diz-lhe não
Como um recém-nascido
Que nasce fruto do amor que sinto
Se vai numa bravata
De quem quer o absinto

Julgo certo o pensamento
Desenrolo seu proceder
Capitalismo é inconteste
Mas faz muita gente morrer

Revolução é pensamento
Nesta rima de tom agreste
Que se faz sonoridade
Para que nela inveje
O poder transformador
Que tem a persuasão
Transforma sem palor
O que é banal em necessário
Pela televisão

Faz querer o que não tenho
E transforma isso em ciência
Chama a massa de alvo
E nela extingue paciência
Estupram-nos, os bancos, com vis temeridades
Juros, e de nossas rendas
Fontes
Para o governo e para o bem das cidades

Enchem-nos de total banalidade
E incentivam a intolerância
Matam o bebe arrastado pelo carro
tiram dele a infância

Estirpe tão seleta
Vai comentar o crime
Dizer que na certa
Aquilo não se redime
Morte a quem matou
Morte a quem morreu
Lágrimas pelo bebe
que era meu
E que era seu

Mas não pensamos na hora
No porque deste pavor
Desenrole até o fim o capitalismo de agora
E vais ver que horror são
As conseqüências deste desenrolar
O fato vil que desencadeia a lógica
Para a uma criança fuzilar

E transportar para o futuro a senzala,
Sob disfarce de cozinha e favela
Sob disfarce de salários mínimos de fome
Sob disfarce de um choro sob a luz da vela
Num domingo ensolarado aonde entramos em prédios
E invocamos fontes imagéticas
Na esperança de ser Deus quem nos ouve
Mas não! – é a falta de ética

A mãe não compreende o porquê
De o seu filho ser soldado do tráfico
Pois tratado sempre com amor
Foi-se dar a este caminho prático

Que mãe tão relapsa (ó mãe sozinha)
Abandonar um filho na rua
Pedindo ajuda de quem caminha
Às tramas de quem se mata
Ou das pequenas que se dão nuas
Em troca de dinheiro
Não só no rio de Janeiro
Não só nas camas nuas
Não só no meio das ruas

E o que você tem feito
Para exigir o seu bocado
Se nasceu remediado, sincero,
Espero que tenha estudado
Se nasceu rico
o bom é ser safo, não ter medo e
saber investir o seu dinheiro

Se nasceu pobre é um dilema
Em qual empresa trabalhar
Naquela que te usurpa a vida
Ou na outra que te obriga matar?

Fabiano Martins

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