quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

21 de julho de 2006

Da pálpebra noturna dos olhares rejeitados
restam pôses dos atores,
das atrizes
e mal-grado
Quando cega, a solidão, de repente, em tua cama,
Quando a noite paciente se demora e tu reclamas,
Espera!
Que há de vir de novo
o novo que tanto brindas pela noite
em barris de álcool derramados pelo chão
pelos que espreitam a noite em total devassidão

Andas por aí a suspirares o fim das coisas
sem saber que a razão de tudo é ter final
e por mal julgas tudo assim, difícil.

As estrelas atentam por tiritarem infinitas
nada vês que não o teu próprio rosto
no banheiro, de um lugar, de palafitas

Cada passo avança contra o peito o perfeito ufanar

Não se sabe nem onde e nem porque continuas a andar
e, assim, temente do que pode te esperar
vangloria-se dos teus feitos
perfeitos e arredios
na hora de recomeçar

Pela solidão das tuas palavras ditas e reditas
vês que nada te serve a não ser esta maldita
falta de razão,

Sobre a cabeça pairando o lúgrube beijo
que anseias dar na noite fatal
Há de lembrares que de tudo mais nada
e que de nada,
enfim, de uma finita rosa parada
nada desabrochará

Nada resistirá depois deste pernoite

Hás de levantar da cama com o corpo quente e o coração frio
Hás de olhar para os cantos deste quarto vazio
e ver no chão as tuas roupas
hás de achar memória distante dos pontos precisos que são poeira
E tal constatação arderá na tua testa a tarde inteira

- Um ínfimo pedido rejeitado -
Arrependendo-se jovem
por ainda e ainda,
Adiando o teu encontro derradeiro
Num claro raiar do dia
com os olhos vedados pelo que já fostes

Se queres, assim como eu acho que queres,
deverias, ao menos, dar-se uma chance no inverso
desta prosa
numa poesia que fosse ser lida
e ao final transpirada e afinada pelos ouvidos
dos outros zumbis
destituídos da verdade,
embora tenham como tu
vinte e tantos anos de idade

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