A riqueza que sempre pedi
apareceu em minha vida
de forma fiduciária.
Eram zeros
a preencher
minha conta bancária,
batizados
pelo sangue meu.
Daquele fim,
lembrei-me do sacrifício
de todo o início,
da visão embaçada
a desejar esta riqueza
que rechaço, mas aproveito;
que estilhaço
Como a granada
desferrolhada
em teu peito -
a despeito
de todo amor que tinha.
Foi perdendo meus dedos
que pude enfim comprar luvas,
e destas pantufas
sob meus pés,
há mais do que simples
conforto; há viés
da retidão
de quem entregou à sorte
os assassinos
Que um menino
levaram à morte.
Foi pela dor
da perda
que tive coragem
para a denúncia.
E descalça
tornei-me informante,
sem, demais,
o ar arrogante,
simplesmente
informante,
E amante
Da grande saudade
Que jaz
À anônima tumba.
Fabiano Martins.
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