segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ego

Para quem conserta sapatos
sobra a sola, sobra o salto.
Proventos portentosos.
A beleza se esconde no lixo
revelada sem artifício
pelo que se considera difícil
e se enclausura
em sua sala, em seu ofício.
Os homens riem de si mesmos
e matam também.
Os homens riem de si mesmos,
entre si,
demonstrando o seu desdém.

Meus amigos,
falta-me o sapato sob os pés,
Falta-me a sensibilidade arquitetônica,
Falta-me a forma,
Mas conteúdo transborda.
Meus amigos,
falta-me o requinte necessário,
o lúgubre arbitrário,
o que dizem que têm.

Reconheço o que me falta,
mas que não afete a criação.
O louco a si transtorna, e
ao mundo dá seu tom.
Meu ofício é serpentear
e acreditar em luz eterna;
Reinventar o que é moldal
para além dessa caverna.

Isso de falar barbáries,
eu deixo a quem entenda de clichês.
Isso de lamber-se todo,
Eu deixo para o saco de ego
que coça no homem
morto.


Fabiano Martins.

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