segunda-feira, 25 de julho de 2011

Escrevo

Escrevo.
Não está em contrato.
Escrevo
Para além do retrato-crônica.
Sirvo ao que de fato penso, e logo
Escrevo.
Ato que reata meus votos terrenos.
Escrevo.
Não está nos livros,
Não está nas flores,
Não é permissivo mas,
decerto, me alivia as dores.
Não é para você achar bonito,
nem tampouco dar aprovação.
Escrevo como quem não depende,
Mas escreve por sentido ou vão.
Nada pode me parar,
Nem a fome,
Nem a falta de lugar.
Escrevo para não perder os dedos,
para os exercitar.
Escrevo.
A vida é que me dá inscrições,
Sobretudo para escrever
sobre as retaliações
que se pode sofer
por não pertencer
ao mundo-gueto que alguns compõem.
Prefiro a fuga tenaz de pássaro.
Livre, em suspensão.
A ouvir dizeres sobre o meu comportamento
e maneirismos perfeccionistas sobre o que Escrevo.


Fabiano Martins.

2 comentários:

  1. Fabiano, boa noite. Volta e meia passo no seu blog e leio seus poemas, mas quase sempre me eximo de comentar, seja por timidez, seja porque me parece que o comentário pode ser invasivo em relação ao poema. Mas é inevitável que me ronde uma questão, que é a que você expõe neste poema, sobre o que move sua escrita. Então fiquei pensando se você não gostaria de falar sobre isso, para além da intransitividade dos versos. Ou se, ao contrário, prefere a fuga tenaz do pássaro. Bem, são divagações de uma leitora itinerante. Abraço.

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  2. Fabiano, de fato eu aprecio o que você escreve, às vezes leio e fico ruminando. Por exemplo, isso, de um dos seus poemas:

    Isso de falar barbáries,
    eu deixo a quem entenda de clichês.

    Tem uma coisa meio Nietzsche, meio Dostoiévski, que às vezes entrevejo nos seus poemas. Então seria uma espécie de apresentação de sua poesia, que não é nada fácil, aliás. Um parágrafo, por exemplo, em forma de post, em que você falasse do que para você é importante em poesia, quem são os poetas que fazem percurso na sua sensibilidade etc.

    Mas isso tudo é muito pessoal, quer dizer, são questões suas, delicadas, suas motivações de escrita: podem muito bem dizer respeito apenas a você, e caso seja assim, bem, eu perguntei, e quem pergunta está se habilitando a ouvir alguma resposta, não importa qual seja. Tenho uma tendência à curiosidade.

    Não sei se fui clara em minha formulação. Quanto ao trabalho feito lá no blog, tenho procurado não seguir trilhas já muito palmilhadas.

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