domingo, 15 de janeiro de 2012

À espera

Vejo uma árvore ao longe;
ela é como uma mulher.
Teve seu tempo de semeadura,
tem seu tempo de colher.
Há nesta árvore ao longe
tempos em que as folhas caem;
há nesta árvore distante
tempos de frutos tão exuberantes
quanto as flores odorantes
que à primavera cabem.
Nesta rua desta árvore
sempre nua feito o gérmen,
há ferida que se cura;
há o tronco e a raíz.
E nos meus olhos paira a sombra,
nunca poderão entender
o que da árvore é da mulher;
o que de mim foi de você.
Faço-lhe conjecturas,
ofereço-lhe o meu olhar,
pois que na rua desfolhada
sei que ela aguarda
a primavera frutificar.


Fabiano Martins

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