Você quer ser o poeta das estradas
quer ter poeira nos sapatos
Quer pensar em anarquia acompanhado, é claro (como pensar nela sozinho?)
Teus olhos não são de poeta, mas de desatino
Seu destino é parecer areia
Grão entre a multidão marrom clara que lhe circunda
Não fale das cores da morte
você ainda é jovem
este fascínio é retrato de um desespero inconsciente
desta vontade de ser gente
Que compra, anda e sente
E como falar em anarquia
fruto deste pensamento de utopia
marcado em seu coração pelos livros
e pela televisão?
Uma lambança fizeram em vc...
Na sua cabeça, alguns detalhes parecem não caber
Quer ser livre, mas não aguenta a pressão
quer carregar o mundo nas costas
ao invés de conquistar seu quinhão
Afinal, és o quê, mente em turbilhão?
És sonho que passará ligeiro em meio à qualquer sensação?
Quer agora ficar em casa, não quer mais nada
Teve filhos e foi voraz
hoje muito lhe apraz
a sensação de ter prazer solitário
atrás da porta do quarto
quando ninguém está
A sensação da masturbação mental da troca de canais
e das falas repetidas das quais já se sabe o final
As histórias são as mesmas
como são seus pensamentos
Quando acorda, levemente boceja
e leva algo boca adentro
Me deixe viver, aqui de dentro eu quero sair
torno-te melhor ou pior
eu sou o seu porvir
Fabiano Martins
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