segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sem Destino

Vejo caros
os pôres do sol.
Vejo-os serem
para determinados
e para os afortunados.
Quantos dias levam uma vida?
Necessários dias levarão.

Hoje levanto imune,
com leveza e paz.
Acordo para o dia
com certa desleixada alegria
que se revela feito agonia
e tomam para si
o que em mim
vejo morrer

Hoje não é mais ontem
E pelo o que sei
hei de me tornar outrém.
É fascinante
descobrir-se outro
em lampejos de saudade, lascívia,
na memória sempre imprecisa
que as mesmas cenas reprisa
temerárias ou esfuziantes.

Meu clamar é por viver
onde, cega,
a força que rege o mundo
fabrica
suas condições
para a vida conceder.
Nas contrações
de uma busca
pelo que só saberemos
depois da última hora.

Pois, agora,
Ponho o que posto em mim
abandona
sem demora,
quando verdadeiramente
me permito gritar
para ninguém,
o que, por sua vez,
convida
a participar do desespero,
ou a ser um fantasma passageiro
de um trem

sem destino.


Fabiano Martins

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