sexta-feira, 6 de maio de 2011

O que me morde

O que me morde
não me tira pedaço
Há de me fazer mais forte
o que me morde

A dor da mordida
é mesma dor da vida
na qual se perde algo para ter
em que se teima em se querer
cada vez mais
a cada vez

mas,

o tempo é o tempo.

Como cascas vão pelo chão,
as horas levam o pensamento em silêncio
o que o homem faz pela atenção
revela a dor do sentimento

o que me morde
o que me asseia
o que me brilha e incendeia
é a bagunça destes troços
coisas que a poesia explica
é a festança derradeira onde aplica
a dor da tarde inteira
ou a bonança muda dos ais

Sou, contudo, nestes troços
como o que não posso explicar
ter remorso adiantado
é condição pra não sonhar

o que me morde está aí
e nisso quero me amputar
nestas verdades vinda dos anos
nestes minutos onde dia não há


Fabiano Martins

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