aluía-se
o subjugo
dor que julgo
e em mim confundo
aluíam-se sentidos
delubro azul
aluíam-se
deméritos consagradores
das meretrizes aos estivadores
de rubro
pôres de sol
q nem põem-se
mais a contemplar a Terra
Aluía-se
palavra
tragava minh´alma
a perceber
e a saber
apenas agora
e soube e percebi
que apenas na mora
é que se conclui o dúbio
que há de vir
Aluía-me
ao me ver
impossível
me descobrir
me saber
aludindo tua vida
invadindo teu espaço
me querendo
em restar teu cansaço
um pouco mais de tempo
e teu terraço, a contento
do mau-querer,
aluía-se...
Fabiano Martins
segunda-feira, 30 de maio de 2011
A Assassina
Desiludida
morta em esperança
caída
resolveu decair ainda mais
sacando do sapato
o laço para o ato
atroz
Confrontou o olhar inocente
e pra ser renitente
laçou-lhe o pescoço
e lhe impediu a tomada de ar
Confrontou com o olhar penitente
resoluta com sua veia contente
Amante prestes a assassinar
Assinou contra si
para um cigarro tragar
primeiro a vida
depois o fumo
Primeiro a morte
depois a falta de ar
Andava lentamente pelo corredor do hotel
não havia pressa
e nem calma havia.
Seu quarto era um sepulcro.
Das lágrimas, pouco,
do desejo por grana,
o mote da façanha
o estopim para o fim
de um início muito próximo
O apetite lhe abriu após matar
a estrela não caiu
e nem virá pra se vingar
A ira é do povo
da revolta de constatar
que a maldade humana não tem nome
Não podemos aceitar
Encontra a empregada
com a roupa de cama na mão
o corpo de uma criança
já entregue à redenção
Cantam em romaria
procuram sua casa
querem lhe acabar
bem como fizeste à filha
do homem que tinhas
amado em seu lar
Matastes pela rejeição
pelo dinheiro fácil.
Doce corrupção,
preço pra levar a alma
o que a todos apavora:
uma alma que não soube o que é pecar
pura feito água de montanha
feito foz que desce e trama
seu caminho até o mar
Em cubículo de cela ela senta,
sente às mãos marcas recentes.
Ela pensa em se matar,
mas o ímpeto lhe falta
pois traria dor demais
e o que lhe sente é incômodo
investir contra si
é idéia que não lhe apraz
E por isso mudo de canal
e outras mortes vejo na tv
são manchetes da nossa ruína
que vil, nos confronta e assina
nos fere em nossa retina
e lembram o que queremos esquecer
Que a vítima da próxima chacina
Que o corpo estirado na esquina
Que o morto envolto no breu
pode ser eu, mas também
pode ser você.
Fabiano Martins
morta em esperança
caída
resolveu decair ainda mais
sacando do sapato
o laço para o ato
atroz
Confrontou o olhar inocente
e pra ser renitente
laçou-lhe o pescoço
e lhe impediu a tomada de ar
Confrontou com o olhar penitente
resoluta com sua veia contente
Amante prestes a assassinar
Assinou contra si
para um cigarro tragar
primeiro a vida
depois o fumo
Primeiro a morte
depois a falta de ar
Andava lentamente pelo corredor do hotel
não havia pressa
e nem calma havia.
Seu quarto era um sepulcro.
Das lágrimas, pouco,
do desejo por grana,
o mote da façanha
o estopim para o fim
de um início muito próximo
O apetite lhe abriu após matar
a estrela não caiu
e nem virá pra se vingar
A ira é do povo
da revolta de constatar
que a maldade humana não tem nome
Não podemos aceitar
Encontra a empregada
com a roupa de cama na mão
o corpo de uma criança
já entregue à redenção
Cantam em romaria
procuram sua casa
querem lhe acabar
bem como fizeste à filha
do homem que tinhas
amado em seu lar
Matastes pela rejeição
pelo dinheiro fácil.
Doce corrupção,
preço pra levar a alma
o que a todos apavora:
uma alma que não soube o que é pecar
pura feito água de montanha
feito foz que desce e trama
seu caminho até o mar
Em cubículo de cela ela senta,
sente às mãos marcas recentes.
Ela pensa em se matar,
mas o ímpeto lhe falta
pois traria dor demais
e o que lhe sente é incômodo
investir contra si
é idéia que não lhe apraz
E por isso mudo de canal
e outras mortes vejo na tv
são manchetes da nossa ruína
que vil, nos confronta e assina
nos fere em nossa retina
e lembram o que queremos esquecer
Que a vítima da próxima chacina
Que o corpo estirado na esquina
Que o morto envolto no breu
pode ser eu, mas também
pode ser você.
Fabiano Martins
terça-feira, 24 de maio de 2011
Walk on the wild side
Holly came from Miami, FLA
Hitch-hiked her way across the USA
Plucked her eyebrows on the way
Shaved her legs and then he was a she
She says, Hey babe
Take a walk on the wild side
She said, Hey honey
Take a walk on the wild side
Candy came from out on the Island
In the backroom she was everybody's darlin'
But she never lost her head
Even when she was giving head
She says, Hey babe
Take a walk on the wild side
Said, Hey babe
Take a walk on the wild side
And the colored girls go doo do doo do doo do do doo, ....
Little Joe never once gave it away
Everybody had to pay and pay
A hussle here and a hussle there
New York City's the place where they said, Hey babe
Take a walk on the wild side
I said, Hey Joe
Take a walk on the wild side
Sugar Plum Fairy came and hit the streets
Lookin' for soul food and a place to eat
Went to the Apollo
You should've seen 'em go go go
They said, Hey sugar
Take a walk on the wild side
I Said, Hey babe
Take a walk on the wild side
All right, huh
Jackie is just speeding away
Thought she was James Dean for a day
Then I guess she had to crash
Valium would have helped that bash
Said, Hey babe,
Take a walk on the wild side
I said, Hey honey,
Take a walk on the wild side
And the colored girls say, doo do doo do doo do do doo, ....
Lou Reed
Hitch-hiked her way across the USA
Plucked her eyebrows on the way
Shaved her legs and then he was a she
She says, Hey babe
Take a walk on the wild side
She said, Hey honey
Take a walk on the wild side
Candy came from out on the Island
In the backroom she was everybody's darlin'
But she never lost her head
Even when she was giving head
She says, Hey babe
Take a walk on the wild side
Said, Hey babe
Take a walk on the wild side
And the colored girls go doo do doo do doo do do doo, ....
Little Joe never once gave it away
Everybody had to pay and pay
A hussle here and a hussle there
New York City's the place where they said, Hey babe
Take a walk on the wild side
I said, Hey Joe
Take a walk on the wild side
Sugar Plum Fairy came and hit the streets
Lookin' for soul food and a place to eat
Went to the Apollo
You should've seen 'em go go go
They said, Hey sugar
Take a walk on the wild side
I Said, Hey babe
Take a walk on the wild side
All right, huh
Jackie is just speeding away
Thought she was James Dean for a day
Then I guess she had to crash
Valium would have helped that bash
Said, Hey babe,
Take a walk on the wild side
I said, Hey honey,
Take a walk on the wild side
And the colored girls say, doo do doo do doo do do doo, ....
Lou Reed
Bandeirada
A Noção das horas
nos separa
no tempo
Uma Bandeira tremula
A noção das horas
não muda
o tempo
contabiliza-o
infantilmente
para controlar eventos
Contabiliza o que não existe
o tempo
onipresente
o tempo
Ao longe, uma bandeira tremula
reclama ao vento
A função do agora
é ser, apenas,
é ter
é crer
Mas nada muda
se alma se apequena
Nada muda na inércia
Nada muda no espaço
a noção cíclica e de controle pueril
das horas
Fabiano Martins
nos separa
no tempo
Uma Bandeira tremula
A noção das horas
não muda
o tempo
contabiliza-o
infantilmente
para controlar eventos
Contabiliza o que não existe
o tempo
onipresente
o tempo
Ao longe, uma bandeira tremula
reclama ao vento
A função do agora
é ser, apenas,
é ter
é crer
Mas nada muda
se alma se apequena
Nada muda na inércia
Nada muda no espaço
a noção cíclica e de controle pueril
das horas
Fabiano Martins
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Naturalmente
Ser homem
não é deixar de ser criança
Ser adulto simplesmente é ver por terra
a esperança
Ser aquilo que se quer
exige a morte de quem se é
Ser em tudo diferente
é ir nadando contra a maré
Ser o que decidiu não ser
é ser contraditório
Ser amarra ao invés de paixão
é querer apenas certidão em cartório
Cobrar com juros dívidas
Cobrado ser de devedores
Ser aquilo que se é
Lega a si muitas dores
Mas, enfim, como devemos proceder?
Qual atitude é a mais certa, posto que todos vamos morrer?
Penso nisso, mas não acho resposta
Talvez se a encontrar
a vida chegue já deposta
Da condição de ser ímpar
para mim
ou pra você
Acho então que tudo muda e que tudo há de envelhecer
E nisso baseio minhas escolhas
com ponderações condizentes
às questões sobre as quais reflito
por vezes resignado, por vezes resistente
vendo a vida revelar
tudo aquilo que omito
Fabiano Martins.
não é deixar de ser criança
Ser adulto simplesmente é ver por terra
a esperança
Ser aquilo que se quer
exige a morte de quem se é
Ser em tudo diferente
é ir nadando contra a maré
Ser o que decidiu não ser
é ser contraditório
Ser amarra ao invés de paixão
é querer apenas certidão em cartório
Cobrar com juros dívidas
Cobrado ser de devedores
Ser aquilo que se é
Lega a si muitas dores
Mas, enfim, como devemos proceder?
Qual atitude é a mais certa, posto que todos vamos morrer?
Penso nisso, mas não acho resposta
Talvez se a encontrar
a vida chegue já deposta
Da condição de ser ímpar
para mim
ou pra você
Acho então que tudo muda e que tudo há de envelhecer
E nisso baseio minhas escolhas
com ponderações condizentes
às questões sobre as quais reflito
por vezes resignado, por vezes resistente
vendo a vida revelar
tudo aquilo que omito
Fabiano Martins.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Ventura
Você quer ser o poeta das estradas
quer ter poeira nos sapatos
Quer pensar em anarquia acompanhado, é claro (como pensar nela sozinho?)
Teus olhos não são de poeta, mas de desatino
Seu destino é parecer areia
Grão entre a multidão marrom clara que lhe circunda
Não fale das cores da morte
você ainda é jovem
este fascínio é retrato de um desespero inconsciente
desta vontade de ser gente
Que compra, anda e sente
E como falar em anarquia
fruto deste pensamento de utopia
marcado em seu coração pelos livros
e pela televisão?
Uma lambança fizeram em vc...
Na sua cabeça, alguns detalhes parecem não caber
Quer ser livre, mas não aguenta a pressão
quer carregar o mundo nas costas
ao invés de conquistar seu quinhão
Afinal, és o quê, mente em turbilhão?
És sonho que passará ligeiro em meio à qualquer sensação?
Quer agora ficar em casa, não quer mais nada
Teve filhos e foi voraz
hoje muito lhe apraz
a sensação de ter prazer solitário
atrás da porta do quarto
quando ninguém está
A sensação da masturbação mental da troca de canais
e das falas repetidas das quais já se sabe o final
As histórias são as mesmas
como são seus pensamentos
Quando acorda, levemente boceja
e leva algo boca adentro
Me deixe viver, aqui de dentro eu quero sair
torno-te melhor ou pior
eu sou o seu porvir
Fabiano Martins
quer ter poeira nos sapatos
Quer pensar em anarquia acompanhado, é claro (como pensar nela sozinho?)
Teus olhos não são de poeta, mas de desatino
Seu destino é parecer areia
Grão entre a multidão marrom clara que lhe circunda
Não fale das cores da morte
você ainda é jovem
este fascínio é retrato de um desespero inconsciente
desta vontade de ser gente
Que compra, anda e sente
E como falar em anarquia
fruto deste pensamento de utopia
marcado em seu coração pelos livros
e pela televisão?
Uma lambança fizeram em vc...
Na sua cabeça, alguns detalhes parecem não caber
Quer ser livre, mas não aguenta a pressão
quer carregar o mundo nas costas
ao invés de conquistar seu quinhão
Afinal, és o quê, mente em turbilhão?
És sonho que passará ligeiro em meio à qualquer sensação?
Quer agora ficar em casa, não quer mais nada
Teve filhos e foi voraz
hoje muito lhe apraz
a sensação de ter prazer solitário
atrás da porta do quarto
quando ninguém está
A sensação da masturbação mental da troca de canais
e das falas repetidas das quais já se sabe o final
As histórias são as mesmas
como são seus pensamentos
Quando acorda, levemente boceja
e leva algo boca adentro
Me deixe viver, aqui de dentro eu quero sair
torno-te melhor ou pior
eu sou o seu porvir
Fabiano Martins
O que me morde
O que me morde
não me tira pedaço
Há de me fazer mais forte
o que me morde
A dor da mordida
é mesma dor da vida
na qual se perde algo para ter
em que se teima em se querer
cada vez mais
a cada vez
mas,
o tempo é o tempo.
Como cascas vão pelo chão,
as horas levam o pensamento em silêncio
o que o homem faz pela atenção
revela a dor do sentimento
o que me morde
o que me asseia
o que me brilha e incendeia
é a bagunça destes troços
coisas que a poesia explica
é a festança derradeira onde aplica
a dor da tarde inteira
ou a bonança muda dos ais
Sou, contudo, nestes troços
como o que não posso explicar
ter remorso adiantado
é condição pra não sonhar
o que me morde está aí
e nisso quero me amputar
nestas verdades vinda dos anos
nestes minutos onde dia não há
Fabiano Martins
não me tira pedaço
Há de me fazer mais forte
o que me morde
A dor da mordida
é mesma dor da vida
na qual se perde algo para ter
em que se teima em se querer
cada vez mais
a cada vez
mas,
o tempo é o tempo.
Como cascas vão pelo chão,
as horas levam o pensamento em silêncio
o que o homem faz pela atenção
revela a dor do sentimento
o que me morde
o que me asseia
o que me brilha e incendeia
é a bagunça destes troços
coisas que a poesia explica
é a festança derradeira onde aplica
a dor da tarde inteira
ou a bonança muda dos ais
Sou, contudo, nestes troços
como o que não posso explicar
ter remorso adiantado
é condição pra não sonhar
o que me morde está aí
e nisso quero me amputar
nestas verdades vinda dos anos
nestes minutos onde dia não há
Fabiano Martins
Oferta
Guardo meus versos
os conservo
guardo-os na estima
de uma labuta inestimável
São tudo
o que importa
do trabalho suado
que lhes suporta
das horas na rua
a perscrutar o pão
Guardados meus versos
cintilam
São relatos
como fazem os que sentiram
o maré moto dar
à praia
feito onda que tudo carrega
Ponho os versos
embaixo do braço
dentro do meu coração
Sei que depois que eu morrer,
por mim, ainda viverão
Meus versos
tímidos
gritantes
Às vezes rimados num compasso meticuloso
outras, em tom livre e jocoso
Formam conjecturas
para folgar a dor com lisura
frente a qualquer foda-se que se possa dar
São escapes
e fuga
São reflexões e desconjunturas
Por onde aprendo a caminhar todo dia
Os quais conservo por serem de mim
a parcela contributiva, dízimo, oferta
ao mundo
Fabiano Martins
os conservo
guardo-os na estima
de uma labuta inestimável
São tudo
o que importa
do trabalho suado
que lhes suporta
das horas na rua
a perscrutar o pão
Guardados meus versos
cintilam
São relatos
como fazem os que sentiram
o maré moto dar
à praia
feito onda que tudo carrega
Ponho os versos
embaixo do braço
dentro do meu coração
Sei que depois que eu morrer,
por mim, ainda viverão
Meus versos
tímidos
gritantes
Às vezes rimados num compasso meticuloso
outras, em tom livre e jocoso
Formam conjecturas
para folgar a dor com lisura
frente a qualquer foda-se que se possa dar
São escapes
e fuga
São reflexões e desconjunturas
Por onde aprendo a caminhar todo dia
Os quais conservo por serem de mim
a parcela contributiva, dízimo, oferta
ao mundo
Fabiano Martins
Adiantamento
De que adianta discutir gosto
Discutir indisposto
E negar a negação?
De que adianta
um pleonasmo
um pleonasmo
um pleonasmo
de nada.
Vai, me diz
De que adianta
ter engasgos
Padecer impávido
Esquecer-se ávido,
pela grana,
de tudo que deve constar na biografia
humana
De que adianta
esperar parado à porta
com olhar colado
à reta torta do horizonte?
De nada adianta. Pois na inércia não se faz ponte
para os neurônios
estabelecerem contato.
Serei eu um demônio por dizer isso, um rato?
Ou subversivo,
quando verso e ninguém compreende o que digo?
De que adianta
continuar a bater palmas
para um mundo
que aplaude
quem às mãos traz armas?
De que adianta viver
se não for para colaborar,
trazer uma parcela produtiva,
não necessariamente crer
no sistema de respostas evasivas,
Mas voluntariamente
viver em tudo que traz frescor
Aos olhos de cor
Aos olhos sem cor
Aos olhos
colados
no horizonte.
Fabiano Martins.
Discutir indisposto
E negar a negação?
De que adianta
um pleonasmo
um pleonasmo
um pleonasmo
de nada.
Vai, me diz
De que adianta
ter engasgos
Padecer impávido
Esquecer-se ávido,
pela grana,
de tudo que deve constar na biografia
humana
De que adianta
esperar parado à porta
com olhar colado
à reta torta do horizonte?
De nada adianta. Pois na inércia não se faz ponte
para os neurônios
estabelecerem contato.
Serei eu um demônio por dizer isso, um rato?
Ou subversivo,
quando verso e ninguém compreende o que digo?
De que adianta
continuar a bater palmas
para um mundo
que aplaude
quem às mãos traz armas?
De que adianta viver
se não for para colaborar,
trazer uma parcela produtiva,
não necessariamente crer
no sistema de respostas evasivas,
Mas voluntariamente
viver em tudo que traz frescor
Aos olhos de cor
Aos olhos sem cor
Aos olhos
colados
no horizonte.
Fabiano Martins.
Blues da Piedade
Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Cazuza
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem
Cazuza
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Sem Destino
Vejo caros
os pôres do sol.
Vejo-os serem
para determinados
e para os afortunados.
Quantos dias levam uma vida?
Necessários dias levarão.
Hoje levanto imune,
com leveza e paz.
Acordo para o dia
com certa desleixada alegria
que se revela feito agonia
e tomam para si
o que em mim
vejo morrer
Hoje não é mais ontem
E pelo o que sei
hei de me tornar outrém.
É fascinante
descobrir-se outro
em lampejos de saudade, lascívia,
na memória sempre imprecisa
que as mesmas cenas reprisa
temerárias ou esfuziantes.
Meu clamar é por viver
onde, cega,
a força que rege o mundo
fabrica
suas condições
para a vida conceder.
Nas contrações
de uma busca
pelo que só saberemos
depois da última hora.
Pois, agora,
Ponho o que posto em mim
abandona
sem demora,
quando verdadeiramente
me permito gritar
para ninguém,
o que, por sua vez,
convida
a participar do desespero,
ou a ser um fantasma passageiro
de um trem
sem destino.
Fabiano Martins
os pôres do sol.
Vejo-os serem
para determinados
e para os afortunados.
Quantos dias levam uma vida?
Necessários dias levarão.
Hoje levanto imune,
com leveza e paz.
Acordo para o dia
com certa desleixada alegria
que se revela feito agonia
e tomam para si
o que em mim
vejo morrer
Hoje não é mais ontem
E pelo o que sei
hei de me tornar outrém.
É fascinante
descobrir-se outro
em lampejos de saudade, lascívia,
na memória sempre imprecisa
que as mesmas cenas reprisa
temerárias ou esfuziantes.
Meu clamar é por viver
onde, cega,
a força que rege o mundo
fabrica
suas condições
para a vida conceder.
Nas contrações
de uma busca
pelo que só saberemos
depois da última hora.
Pois, agora,
Ponho o que posto em mim
abandona
sem demora,
quando verdadeiramente
me permito gritar
para ninguém,
o que, por sua vez,
convida
a participar do desespero,
ou a ser um fantasma passageiro
de um trem
sem destino.
Fabiano Martins
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