segunda-feira, 21 de março de 2011

Película

Não é preciso fechar os olhos
a escuridão não deixa ver
De olhos abertos pareço olhar ao longe
na amplitude de todo negro que vislumbro
São as luzes da cidade que procuro
e em seu véu tenebroso e escuro
continuo.
Sei que devo encontrar chama no final da procissão
com os pés sem proteção e às mãos nada além de sonhos e cera

Quando saí de casa, à minha rua dei adeus
procurei o que achava que seria diferente
e encontrei.
Encontrei comigo procurando por algo mais.
Como em um círculo
meu caminho dá voltas.

Comporta esta pieguice em meu coração que não se aquieta.

A dor é completa
e de sonhos se alimenta.
A porta outrora aberta
pouco a pouco
vai fechando.

Em meus pés encontro a poeira do caminho transcorrido
tinha poucos anos
mas me achava já vivido

como o quê

porém, vívido
com certeza podia ser.
Pois me ponho a peregrinar e nunca a me esconder.

A luz em meu peito acende de repente,
e, de repente, sou levado a perceber
que a vontade reticente é a mais certa
chance que me leva até você

Sou como um cemitério de recordações,
sou o cemitério à beira do mar.
Trago demais grandes e marcantes lembranças,
deságuo para então à areia retornar.

E fico contente com os dias de calor
e me acalento nos dias de frio.
Tenho por mim quem seja cobertor,
tenho flores nos túmulos vazios.

E nem ao menos me interpelo ou atrapalho.
Trago palavras que confortam e motivam.
Emociona-me falar de tudo isso.
Sou por bem o mesmo filme que todos já viram.


Fabiano Martins.

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