sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para o relógio andar

De trabalhar tanto
o dia fez-se noite
e neste pernoite silencioso
podemos tocar o barulho do obsequioso
e assustador
palor que traz a falta de ruídos

Nos meus sentidos
propagava-se atenção
Locais fora de órbita
sinais sem distinção

Mas pode ser que de repente
o drama todo se resolva
e de uma hora para outra
a massa desande a dar bolo e não pare mais

e o prometido tempo
(já prometido há algum tempo atrás)
se faça presente de súbito
com seu olhar latente
e suas perguntas subsequentes
Em forma de gente
pra dizer: "Não disse?"

"Disse, tempo, disse..."
é a resposta que darei, e continuarei:
"mas o que podia eu
senão afirmar que era impossível.
Naquele momento, tempo, eu não te via..."

E da cadeira do escritório,
olhando pra janela
Meu dia, minha hora, meu óleo
Minha caminhada para chegar na frente,
Tudo o que quer dizer a vida
de repente
dá leve impressão,
mesmo que com imprecisão,
De que o tempo estará certo
quando ressurreto
aparecer em minha frente
pra dizer que tinha dito

e tinha razão

Fabiano Martins

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