segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Para Fiódor

"É preciso atentar
para o lado de dentro da construção
o lado interno escondido
por dentro de sua fundação
é preciso olhar a cidade
e compreendê-la de tal forma
que não fique nenhuma dúvida
quanto ao inexorável presente na sua história"

Parafraseou o ser presente em si
Evidenciou existência vaga
Brilhou incandescente à luz da cadente estrela
fez sorrir e corar a mulher com a alma verdadeira
Vendeu-lhe um sonho
se encaminhou
engendrou qualquer esquema
tratou de seu problema
odiou a humanidade
e ainda mais
a amou de verdade
Esteve à noite febril
sem conforto
esteve cego, surdo, quase violentamente morto
aprendeu a não confiar
e a sempre ver a cidade
a olhava com olhos diferentes
ensinou que o homem é homem
devido à sua complexidade
e perplexo
abriu um sorriso a si mesmo
"é hora
é preciso, vamos!
tente compreender
se o absurdo pode ser plausível
o indelével também há de derreter
Mas que não seja em suas mãos
posto que se conclama
Não procurar demais o vício
é o difícil fim pra quem ama"

"Olhe de perto a cidade
e lembre da casa dos mortos
cemitério é toda ela de verdade
é possível, se olhar bem,
ver seu corpo"

"Esta é uma apenas
mas poderia ser todas por inteiro
o fim da cidade é ser do homem,
mas, por vezes, ela
engole seus mineiros
Ao que o resgate se demora
e depois da hora
aparece na inexatidão pronlogada
Mais ou menos como a vida faz:
A noite inteira amanhecer
para enfim, fugaz
acordar de madrugada"


Fabiano Martins

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