sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Parto

Parto do meu princípio
parto em meu início
morro no meu fictício fato de precisar o impreciso

Morto, os olhos aquém, brilham

Vôo no novo aflito do olho que anda
por caminhos convictos

Não me oponho, me suponho
Me acanho e, posto, triste em fotografia,
me espalho aos deixes-de-lado desta monotonia
Minha condição é propícia ao palavrear, apóia as minhas mãos
sobre o teu paladar,
e daqui, para sempre, caço caminho feito, feitio e presente

Condecoro-me em palavras sutis
Faço esboços em entranhas e párias desta pátria que me pariu
e me criou, e por mim andou,
E em mim deixou marcas

São olhos vermelhos e óleos essenciais
Massageiam-me a alma para nunca mais
Lembra os anos passados, as gotas de sangue e de orvalho
Orvalharam minha fera, minha vida que se desterra

Deixo, contudo, uma prece, um súbito da coerência
Quis dar a mim mesmo papel e tirar-te à noite com certa opulência
Acalentei-me nos braços, madrugada que foi daqui até entre os iguais
Aterrou com terra batida, pedras e sufocou meus matagais



Fabiano Martins

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