quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pedaço

Pedaço
do meu coração
entre meados de uma história
sem passado
sem compreensão
histórias de criar
um mundo
Meu despedaçado
pedaço
a contra gosto
se finca num mar de palavras
se desespera
frente à incompreensível
razão
Somos seres fadados
ao descaso
seres de amor muito
e vida pouca
de mãos e pés
apenas
e que ainda assim
fazem da terra
melhor terra

O sol já vem brilhar
apasiguar
dar trégua
achar água no fundo dos olhos
achar olhos no fundo do mar
meu amor feito canção
não é soneto
não é soneto, não
feito pra ser rápido
e profundo
Arrastado
pela necessidade de
ser você
o que terei de achar
ou então qualquer outra pessoa
que não seja outra qualquer
mas que me diga
em seus gestos
alguma coisa
que faça lembrar
a paciência tremulante
de você
Como você
ainda deve estar
Ainda me ama?
pergunta dura
dúvida
duvida de mim a capacidade
de manter
fixo
o olhar

Quero tão pouco
o amor
de um fim sem início
a inocência
do dia e da manhã
o brilho
sim, o brilho
que reside em teu corpo,
pois pouco resta de quem sou
pela manhã
onde não está
Já era a vida
de dizer tantos nomes
em histórias finitas
ser teu amante
Dá-me uma sugestão!
Sugira um fato
um recado
uma resposta mesmo que não
seja essa
a resposta
ao meu ouvido esperada
a ouvir
dizeres quaisquer
de qualquer tempo e seu porvir
Diga pra mim
que já tão desapegado estou...
minha grande pequena afeição
de apenas um jeito sabe ser:
meu tipo
minha palavra morta
meu coração arredio
dissipando-se em tropa
ao cair noite finita
sem tino
sem beijo
sem tiritas
de estrelas
sem brilho


Fabiano Martins

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