sexta-feira, 1 de abril de 2011

DNA

Sim, da América eu sou
Americano do Sul
Brasileiro
de fé inconsútil e trato verdadeiro
Eu sou mandingueiro
Real
eu sou meu próprio plano
sem escusos esquemas,
apenas o meu dilema
de entrar por entre as frestas frescas do sistema
que me aliena
e me condena
nestes ventos soprados do norte
em direção
à América de Cabral.
Eu sou minha propria pá de cal
nesta construção
Não figuro entre as instituições mais caras
sou da terra onde os bancos lucram
com as amarras
deste capitalismo tupi
adaptado por anos de evolução de senzalas que deram em favelas
de luzes em dois e mil e tantos anos, que não passam de velas
e que se soprar
apagam.
Eu sou o fruto da malandragem lapense
do comodismo público
da figura em ostracismo do amar o próximo,
da fervorosa fé cristã sem puritanismo
e mesmo dos evangélicos que não vêem o abismo sob os pés.
Eu sou da terra em que não há leões
mas jaguatricas,
lobos guarás
Eu sou das fazendas no interior de Minas Gerais,
das revoluções épicas
do calor inimaginável
eu sou do império de Pedro e cia
eu sou aquele que vivencia
o que Getúlio legou
depois que o tiro o matou.
Eu sou herdeiro de Tancredo, de seu medo
do esquecimento,
eu sou do futebol regado à carne queimada
da felicidade que se apaga
em frente à novela.
Eu sou parintins e um tanto maranhense quando ouço
em inglês a pregação de marley
Eu sou holandês, pq também sou Recife
não de peixes, mas de Pernambuco
(ao nordeste ensolarado)
Eu sou o chão queimado,
a Seca eu sou também.
Pulmão do mundo, Amazônia aberta em flor
remédio pra curar a dor
do inglês
eu sou
descendente de português
e ando enviesado nas esquinas.
Tenho burlado as leis que o sistema imagina
mas o faço apenas
por ser quem sou
quando do folclore, apenas o saci restou.
Estou aqui, pois preciso lhe dizer
Que por conta de tudo isso
subproduto não posso ser
nem tão pouco imperialista como nos acusam os hermanos,
não somos porcos...
Índios de roupa, eis o que somos.

Fabiano Martins

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