sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A Morte Escarlate

A morte escarlate
representa violência.
Dizer para que me ache
significa ter a poência
de que padecem os poetas

À noite vejo a vela acesa
e a janela aberta.
Enfrento o sereno,
o frio a que condeno.
Enfrento com o verão
mais quente

A morte escarlate
não vai me trazer praxe,
mas há de ser mais rubra,
há de ter mais fuga
e de abrir passagem

À noite a vela apaga,
soam sinos na cidade.
À noite a morte ronda
planejando o seu descarte

A morte escarlate
brilha no teu olho vil,
é amante irracional que reage.
É a dor de ser viril

Quando do pingo da chuva
a vela sente o gosto,
abro meu sorriso
e, pronto, o sereno está posto

A morte escarlate brinda
à vida? Dela se desfaz...
a morte, a noite, o azul
não transcendem o vermelho,
já não mais

Oposto ao meu dizer
está você
e é a vela que convido
a receber

A morte escarlate não é súbita,
derrama tudo ao seu redor.
À noite, teu quilate, já não mude,
mesmo se souber de cor
que a bonança não precede tempestade
e o engano é pai
pra quem fala

A morte escarlate
não ladra,
explode as dores e dispara.
Presencia a tua vida, bem como
a minha também.
São teus planos traçados puros,
teus enganos egressos do amém.

Fabiano Martins

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