Meu nome é esperança
seguido de tristeza;
é a peça que bóia no ar
desafiando a física;
é a força intrínseca que se esgota
para então sublimar.
O meu nome é temperança
e ando de mãos dadas com o destino.
Hei de ser melhor por ter tino
e de me salvar pra ser
hino.
O meu nome não é palpável
nem afável.
É amável,
solícito,
sangrento,
explícito.
Específico.
Torna a cair no chão,
como o brinco faz pingar
o sangue contra a carne do varão.
Ainda que seja a carne mole da orelha
revela, oprime e semeia,
do mesmo modo
que se pode observar
a luta desigual
e a desiludida face,
que não está
A arma pulsa:
é o sangue em minhas mãos.
O meu nome é esperança,
temperança;
é andança e fuga
pra solidão.
O ardor do peito meu
queima.
É andor: No carro teu, reina.
É a dor de fora batendo na porta
espreita,
aquieta,
morre
e se vê
ressurreta
em alguma forma.
Então são meia-noite
e o meu nome é tristeza apenas,
revelo o que é bom
por tua atenção,
esgoto minha veia pequena.
Quando forem três da manhã
o trem terá partido.
O meu nome não é bom,
tem gosto de algo antigo.
Uma grande depressão.
Onde a dor foi morar
sinto falta de tudo que uso,
sou propenso a me aventurar,
e, no desuso deste tentar imaginar,
rogo aos céus.
Palavras não hão de faltar.
Então, me aterro na solicitude da sala
e entre as teclas, bato os dedos devagar
São sonoros ruídos;
são zumbidos que vem me gritar.
A onomatopéia pérfida da vontade
de quem mora dentro do ser
que penso habitar
Ouço o que fala comigo,
ouço o que vem deste som.
Interpreto zumbido e gemido
como força contra constipação:
O animal escuso dentro da alma,
a real fonte que se ignora
abre contra a vida o que não vou aceitar,
que não controlo nada,
que sou chama animada
pelo fogo do seu olhar.
Fabiano Martins.
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inspirado no livro "Tristessa"
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