sábado, 13 de novembro de 2010

Não dizer Não

Se quiser falar de amor
venha andar de madrugada
quando o peito encerra a dor
e vê a lua engajada

É no céu que vejo o teu suplício
como um choro à porta do hospício
com um grito engasgado querendo sair,
que tem verdade, tem pureza, mas que pode não vir
E assim, seguir engasgando
esperando pelo momento do ataque
Para enfim desterrar a esperança
e desferrolhar-se em válvulas de escape

Venha andar a pé
num caminho que difere ao que escolheu
sou humano e por vezes me defino:
tornei-me homem, mas não sou só eu

Quem quiser se transtonar
deve querer a si
tudo explicar
Nego isto. Já é passado...
posso agora me acalmar

Amanhã e depois
colho o logro que sobrou.
Em ser do tempo o que é fugaz
me ocupo
em ser da obra o escritor

Sei que de desejo posso morrer
mas que não seja em sofreguidão
posto que a vida são só dois dias
já me demoro a não dizer não


Fabiano Martins

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