Com a mesma sensação
do jovem Raskólnikov
com o evangelho na mão
com a exata compreensão
de que os crimes não são em vão
Com o mesmo ímpeto
on the road
para ir pra onde quiser
Com a mesma vontade
de fazer da Tristessa
sua mulher
Um jovem nômade
pôs-se a não se publicar
a guardar para si
os romances inverossímeis
que produzia
em contra partida a tudo que lera
e ouvira
Tinha o mesmo desejo
de Rodka
com a machadinha na mão
Queria se apaixonar por quem vende o corpo
sem nunca ter comprado nada para si
sem nunca ter provado
o humano elixir
Para assim apenas coexistir
Desejava o que lhe pulsava
tal qual Napoleão na Rússia
tal qual a sofreguidão de Bismark na Prússia
ou de Sun Tzu ao amanhecer
Ter o sol pela metade,
é saber parte da verdade e preferir não dizer
É conhecer o caminho mais difícil
onde não lhe açoite o medo de morrer,
Fechar os olhos é impossível,
mas talvez a única opção
posto que a condição humana é dura
tudo está cirscunspecção
Posto que não te queres matar
e disso tudo mais,
sobrará para quem amou a vida livremente
um dia, como Svidrigáilov, subitamente
a deixar para trás
Mas não se assuma mau assim
Pois o trem de raul
toma lugar enfim
e para sempre nos leva
afinando ouvidos
levando reservas
Assente calmo a visão que lhe dá
- Pode ser o lusco-fusco fugaz
o que na vida lhe dará lugar -
O que a ti caberá será
apenas escolher
O ego em gigantismo dos homens
ou a mais pura humildade
no gesto que farão os olhos
quando, por um instante, nos pusermos
a ver e querer
Fabiano Martins
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"Ter o sol pela metade, / é saber parte da verdade e preferir não dizer"
ResponderExcluirOs silêncios de "crime e castigo" fazem ecoar verdades sombrias.
te amo! muca*
ResponderExcluirmeu livro favorito!
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