segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Prólogos, resumos e epitáfios


I

Os teus olhos não são negros
nem dezembros,
nem castanhos.
São cinzas
de um fogo que se apagou
com os anos,
entre os fatos.
Da tua vida me lembro um pouco,
algo se perde
no caminho torto, 
que a memória
vem trazer aqui.


II

Há um quarto,
uma luz fria,
um silêncio simples,
uma calmaria.
Há um retrato na estante
do céu de um dia,
onde se pode ver
a face negra de Maria.
Ela sorri.
Está viva.
Olhos mel, boca rosa.
Tinha um ar sereno de moça,
e uma força 
que luzia
contradita à escuridão
que intermitente
aparecia.


III

Morreu por amar de menos.
Por morrer não se encontrou.
Não sabia quem era.
Não podia voar.
Sempre livre, nunca livre.
Com frases embaixo do braço a guardar,
a se resguardar do embaraço de errar,
a ser pudico e condizente,
contido e descontente
até não mais poder,
até não mais querer
até seu fim causar.


IV

Minhas frases eu levo comigo, 
meu sorriso eu dou. 
Minhas tardes se foram breves 
e minhas noites infinitas. 
Vivi de amanhãs.


V

Ante o peito em fastio,
ante a mente em baixio,
A ver o sol sempre poente 
cada vez mais se tornar 
fugidio
e o amor adoecer lentamente
até virar um vazio,
tentou ser feliz
A todo custo.


Fabiano Martins

3 comentários: