quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O fim de el Sordo

No final, estão entrincheirados no alto da montanha
entre os aviões que simbolizam um revoar de bombas iminente
sobre os corpos imóveis, escondidos entre as carcaças 
de cavalos mortos.
O que pensam se aguardam a morte?
Se aguardam a morte pensam nela.
Um jeito resignado, apaixonado pela revolução,
abafa o medo latente.
O sangue ainda pulsa, "então leva contigo ao menos uma alma", 
mas atirar agora seria denunciar a localização,
ao passo que não fazer nada é ao mesmo tempo
sufocante e reflexo de uma outra forma de resignação.
As bombas caem como chuva. Esta é a guerra:
As ideologias contrapostas, 
postas à prova da força,
da medida desigual,
da barbárie.
Ordem, ordem... não há ordem nas montanhas,
há dor e abandono...
de certeza acumuladas sob os sóis das incontáveis manhãs,
de palavras apinhadas,
salpicadas pelo afã de um medo inconsútil - sem início, sem final.
Ordem?
Não há ordem nas montanhas,
onde nos falam da luta contra o fascismo e da revolução.
Ordem imposta com saliva e sangue
bem-sucedida pelo coração vítima das bombas.
Ordem, 
dura ordem plana;
humana.


Fabiano Martins

5 comentários:

  1. Se existe ordem, não seremos nós que iremos aplicar, muito menos durante a guerra...

    Muito bom Fabiano...
    Abraço do Felipe...

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  2. Não há ordem nas montanhas, será? Ótima reflexão em palavras quase cantadas

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  3. Obrigado pelo comentário e pela reflexão, Felipe.
    Abraço

    Vampira,
    Obrigado pelas palavras.

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  4. Adorei, e muitas são as ordens e seus uniformes, parabéns.

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