quinta-feira, 20 de junho de 2024

In media res

Às vezes, 

reclamo sobre a transitividade exagerada de viver.

Olhar, captar e descartar

(descartar para compreender). 

Neste processo, ver é deixar de ver.

A gente se adapta ao dinamismo da vida. 

Não sei se vício ou virtude, 

mas há vicissitude presente naquilo que venho a ser.

Portanto, escrever é reter 

quem fui e o que abandonei. 

Tenho a impressão que talvez não exista clímax. 

E, mesmo convicto da existência de finais, 

vivo de inícios. 



Fabiano Martins

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Futuro do passado


Há neblina na lagoa rasa.
Densa. 
Parece funda. 
Não se vê vegetação. 
Pela fumaça, nada passa. 
Inunda meu olho parado 
o branco da bruma, 
o declive (que suponho) 
e a forma que se obtusa. 
A chaminé da barca, imagino, 
A vida dos peixes e anfíbios, imagino.
E desenho, imaginativo,
sempre super criativo 
pirossamas, pinípedes, 
panacéias e plantas aquáticas.
Até dar meio dia e o sol tudo dissipar. 
Era mais belo quando não via.
Lembrei-me da primeira vez à luz do seu olhar.


Fabiano Martins