sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Parte

Um poema meu 
aberto: 
interprete.
Um poema meio completo -
complete.
Um poema intenso
e prático.
Impermanente.
Esquecido na gaveta do quarto;
inerente
àquilo que contém, (e de onde nasceu)
e que agora existe.
Reside neste poema meu,
agora indivíduo,
uma singularidade
de onde se pode avistar-me
como resíduo;
algo que nasceu de mim
como minha filha;
algo que se pode ter
de um nome comum
como o nome de
Olívia.
Um poema meu pende
entre a sua não leitura -
sua existência incompleta.
Um poema meio meu
que se insere como som quando lido,
decifrado,
por aqueles que lhe dão significado.
Um poema que se esbalda e banca
e brinca
e é.
Um poema que nasceu 
deste ajuntamento de letras
e que recebeu vida.
Um desenho, um retrato que se interpôs
na lida,
na pausa para o café,
no amanhecer acordado,
no cigarro - guimba - fumado,
na boca de quem disse,
no âmago de quem sentiu.
Um poema meu
que nasceu
e se tornou independente de mim
assim
como quem cresce 
mas nunca há de morrer


Fabiano Martins

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