O irmão da Iracema morreu
Um acidente de carro
Ao irmão da Iracema
Falemos
Pois a terra se tornou menor
Sem ele
Sua morte agora efeméride
Na boca de quem teve que
Desmarcar a festa
Fabiano Martins
terça-feira, 18 de novembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Parte
Sois meu Deus, Multidão!
Como o universo grande, infinito...
violento e sem culpa.
Sem capa.
Violento e acidental.
Sois meu Deus,
um deus que rege segundo a física exige,
com escravos a erguer esfinges,
com monges cegos
de inaudível adoração.
Fabiano Martins
terça-feira, 17 de junho de 2014
Primeira Liberdade
Não é o mar; é o desejo pelas coisas que passam.
Possui uma beleza infinita, a inconstante matéria;
me faz acreditar que possuo nomes que não são meus.
Eu sou um ser dividido entre
as coisas em que acredito
e outras tantas que não vou acreditar.
Atenho-me e me apego a sorrisos,
bem como a choros e aos seus precipícios,
(bem como ao barulho do mar).
Não temo a dor, posto que ela existe
mas temo a servidão sem finalidade.
Procuro - temente a tudo isso -
a incompreendida primeira liberdade.
Fabiano Martins
Possui uma beleza infinita, a inconstante matéria;
me faz acreditar que possuo nomes que não são meus.
Eu sou um ser dividido entre
as coisas em que acredito
e outras tantas que não vou acreditar.
Atenho-me e me apego a sorrisos,
bem como a choros e aos seus precipícios,
(bem como ao barulho do mar).
Não temo a dor, posto que ela existe
mas temo a servidão sem finalidade.
Procuro - temente a tudo isso -
a incompreendida primeira liberdade.
Fabiano Martins
Aquela luz
A morte nos fez irmãos em vida,
minha querida.
Em Vida.
A noite nos fez acreditar na mentira que é o dia.
A definição é por fim o que, em si, encerra significado.
Sou de uma inspiração perversa e insípida
Para olhares que não sejam de poetas.
A Vida é nossa poesia, minha querida,
a morte é nossa mãe mentirosa.
Raivosa, ela nos ensina sobre aquilo que falta.
A noite é uma megera ríspida e sinuosa:
nos traz o gosto bom no amargo;
nos faz temer o que se esgota.
Fabiano Martins
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Quem eu sou
A falta que me dá,
o olhar que me pões,
as palavras que se dizem,
os perplexos das multidões.
Estou a olhar,
quem eu sou já não é mais.
Tenho-me longe na espera infinda
(de um querer chegar jamais recompensado).
A noite, assim, é linda:
as partículas de um dia maculado,
se aquietam quando cai o sol,
quando deitas aqui bem do meu lado.
Me tenho longe com infinita aflição!
Quero entender (justaposto à natureza oblíqua desta reflexão)
os saberes de quem sabe que não há nada
que seja capaz de se fazer perceber com exatidão.
A busca enfim é do caminho
o caminho é a falta que me dá,
o caminho é do olhar que me pões,
daquilo que eu sou
e que não sou mais.
Fabiano Martins
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Luta
Eu venci o medo, aquele desespero azul de fim de tarde.
Eu o vi morrer em minhas mãos
(como um adeus)
e renascer no outro dia.
Eu me vi vencer o medo
para novamente combatê-lo.
Um embate que leva todos os meus dias:
quando, ainda pela manhã, levanto e tendo a encontrar a cidade;
quando ainda antes do café me proponho
a essa total inequivocabilidade
feita de horas que não existem,
por pessoas que não se sabem.
Eu venci o medo, hoje.
Fabiano Martins
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