domingo, 2 de setembro de 2012

Nós

Ora, já não serias tu refletido no espelho?
Já não serias tu responsável pelos atos que cometestes?
Já não serias tu, com teu livre-arbítrio, senhor do seu destino,
senhorio de tuas horas,
de teu suplício, de tuas glórias?
Ora, não terá sido você 
a obra terrena em que a energia deu vida
e que a evolução levou a crer
que algo haveria depois, e, por isso, consternado, hoje,
pões essas tuas mãos na direção
do céu à procura de consolo?
Pois que se do contrário... 
Ah, se do contrário, já não serias mais você e sim teu corpo!
Já não serias mais um espírito e sim gordura!
já não serias mais amor
e sim profano!
Ora, mas não serias aquele milagre
que rompeu o ventre na direção da luz?
Não serias aquele mesmo inocente
cujo a aleatoriedade das circunstâncias
modificou e transformou
em um homem
em uma mulher:
Não serias tu, filho desta pergunta que fazes 
com este olhar marejado pela dúvida,
com este olhar sequioso - de igreja?
Não serias tu como eu
e como eu, também forte e fraco
e decididamente
ignorante?
Ora, então que sejamos!


Fabiano Martins

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