Faltam palavras;
foram afogadas nestas marés.
Fazem brilho, as coisas reluzentes.
Pelo caminho: atalho.
À tarde, caminho.
Limito-me pela lógica;
transcendo pela imaginação.
Fabiano Martins
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sábado, 26 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Estio
Eis a vida.
Contempla, oh ser.
Ei-la para mim,
ei-la para morrer.
Contempla teu curto espaço
de tempo.
Contempla teu viver.
Eis o que eu não entendo.
Ei-la
para entender.
Fabiano Martins
Contempla, oh ser.
Ei-la para mim,
ei-la para morrer.
Contempla teu curto espaço
de tempo.
Contempla teu viver.
Eis o que eu não entendo.
Ei-la
para entender.
Fabiano Martins
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Cego
Disseram a todos que era menino.
Depois disseram que era perfeito.
Depois cresceu e encontrou a vida
e algo mudou em seu peito.
Quando criança havia um olhar ao nada,
a testa lisa e a pele cheia de fulgor.
Seus olhos sempre foram premissas,
levavam a mente a supor.
Em sua camisa havia suor
e em seu peito
muita liberdade.
Depois que envelheceu
percebeu
que era tudo fugacidade.
Não poderia sequer guardar um segundo,
agora sabia o dinamismo do tempo profundo.
Estava só - e, portanto, a dividir sozinho
a estrada em que perpassavam com ele
outros solitários no mesmo caminho.
Fabiano Martins
Depois disseram que era perfeito.
Depois cresceu e encontrou a vida
e algo mudou em seu peito.
Quando criança havia um olhar ao nada,
a testa lisa e a pele cheia de fulgor.
Seus olhos sempre foram premissas,
levavam a mente a supor.
Em sua camisa havia suor
e em seu peito
muita liberdade.
Depois que envelheceu
percebeu
que era tudo fugacidade.
Não poderia sequer guardar um segundo,
agora sabia o dinamismo do tempo profundo.
Estava só - e, portanto, a dividir sozinho
a estrada em que perpassavam com ele
outros solitários no mesmo caminho.
Fabiano Martins
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Poema
Certeza, não tenho.
O que tenho é uma leve impressão
que se desfaz à ação do tempo.
Sons emito a fim de me comunicar;
mexo meus braços e pernas
sempre à procura do mar.
Da felicidade plena
já desisti.
Quero apenas me deixar
em um poema
feito para quem
não sabe aonde
ir.
Fabiano Martins
terça-feira, 8 de maio de 2012
A saudosa
No último momento
antes de partir,
o silêncio foi rompido.
Em seu inconsciente,
ela pediu uma coisa diferente
para cada pessoa
que amava.
Lembrou-lhes com o coração em ressalva,
mas com a agudeza de quem
lhes queria bem.
E para uns pediu dinheiro,
para outros filhos.
Para alguns, ela pediu sorrisos.
Para outros, lágrimas.
Para uns ela pediu carros.
Para outros menos apatia.
E foi assim distribuindo pedidos
até pedir para mim
poesia,
poesia.
Fabiano Martins.
antes de partir,
o silêncio foi rompido.
Em seu inconsciente,
ela pediu uma coisa diferente
para cada pessoa
que amava.
Lembrou-lhes com o coração em ressalva,
mas com a agudeza de quem
lhes queria bem.
E para uns pediu dinheiro,
para outros filhos.
Para alguns, ela pediu sorrisos.
Para outros, lágrimas.
Para uns ela pediu carros.
Para outros menos apatia.
E foi assim distribuindo pedidos
até pedir para mim
poesia,
poesia.
Fabiano Martins.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Grandes Mistérios habitam - Fernando Pessoa
Grandes mistérios habitam
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver. São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.
Fernando Pessoa
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver. São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.
Fernando Pessoa
Assinar:
Postagens (Atom)