segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Reservas

De que vale a palavra errante
esta voz soluçante
este resto de amor
De que vale a voz que soa rouca
que se perde pela boca
e espalha-se pelo chão
Aonde há, que não dentro do nosso coração,
razão para abandonar
o abandono inevitável
de tudo
Aonde há validade maior, que não
nas olheiras escondidas,
no sono contínuo,
nas reservas dos dias e das horas
O que sobrará do meu tipo calado
quando, por um caminho enveredado,
saltar do pier deste presente regado
feito chuva do céu?
Andemos, pois, fechados
sem nos dar demasiado
e atestemos vida enfadonha e tranquila
Porém, desaprovemos o amor
que envergonha
que nos atira expostos a outros rostos
à frente, atrás, de onde nunca estivemos
Este amor que comprova-nos humanos
esguios, tremulantes, vazios
extremos a todas as horas,
deixemos, pois, este amor doentio lá
fora
e embora o arrepio seja inevitável,
cala-te e observas o fim derradeiro de todas
as tuas reservas

Fabiano Martins

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