O apetite do mundo
Me quer para o almoço
Do alvoroço da infância
até o fundo do poço
Não posso me conter
Em tentar dizer
O me dá à cabeça
E, sem pressa, me rendo ao que
Menos interessa
Quem se importa com a fome dos outros?
Se não é em quem come que a fome dá
Quem se importa com quem tem medo?
Se tudo o que o mundo oferece é incerteza
Quem tem pressa de sentar-se à mesa?
Eu não.
Porque depois do jornal o apetite vai embora
E me dá uma vontade natural
De ir lá fora
E ali, bem perto
Compreendo o que não quero aceitar
Que vale mais o conforto do lar
Do que dar a mão a um irmão
Que vale mais o que vai na carteira
Do que procurar conversar a tarde inteira
Para saber quem aquela ou esta pessoa são
Em estado mais puro
Negligencio o futuro
Para aonde esse amontoado tecnológico vai nos levar
E peço:
Quero ir com vento
Pro lugar onde o vento achar melhor me levar
Derrama vida sobre mim
Não me deixe ser um poeta apenas do amor sexual
Permita-me no mínimo ser menos usual
Que isso
E abre teu sorriso, vida
E me deixa viver
Que nem tudo vai acontecer
Como eu, jovem ainda,
Achava que deveria ser
Primeiro o fato verdadeiro
O primeiro fato da vida que a criança vai conhecer
A morte
Depois o outro, a falta de sorte daquele ser
Que parado à porta do carro
Um sorriso deseja oferecer
Para ser taxado de sujo
Infância suja brasileira quer se mostrar para o mundo
Quer fazer arrastão
Quer mostrar que o Brasil esqueceu do Brasil
E só se preocupa com a imagem na televisão
E esta mesmo, trai o amante irracional
Ao exportar por dinheiro
Todo mal
E mais fácil ainda
Seria culpar as crianças e chamá-las de suja
E ignorar sua infância
E massacrar-lhe os sonhos
E destruir-lhes a esperança
A televisão vai trair o amante
No instante em que o dinheiro falar mais alto
E destronar o lugar da alma
Na hora de tomar a decisão
Usar uma certa razão que privilegiará a grana
E a imagem do arrastão
Correrá pelo mundo
Advinhe como
Pela televisão!
Por dinheiro, vamos denegrir o que é o Rio de Janeiro
Transformar em puteiro as casas das nossas mães
Exportar feito mercadoria
Cada menina que deste país é filha
Que o arrastão se dê no mar
Que é o seu lugar
Que a chuva lave o choro
De um filho que para casa não poderá voltar
Porque não tem casa
Porque neste mundo não tem nada para habitar
Mas, veja bem, o que quero mesmo falar
É que a natureza foi sucumbida
Pela soberba humana de se auto indulgenciar
E, entenda bem, não quero catar migalhas
Desejo que o avanço seja no coração
E não no concreto erguido alto, junto com a argamassa
E o aço, e o corpo daquele sub cidadão
Que construiu e ergueu por sua mão
A cidade
Aquele a quem esquecemos de cumprimentar
Por sua entrega
Por sua queda
Por sua incrível e inexorável felicidade.
Fabiano Martins
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Se não te ignoro, te amo,
ResponderExcluirse te amo, não te ignoro.
O que se pode falar para ouvidos q não ouvem,
e olhos q não vêem ?
A dor é minha amiga imaginária.
na inércia de minha meditação
eu posso adotá-la e curá-la
O que pode se falar de autocomiseração
é fato ou imaginação?
Imagem em ação,
Pensamento, sentimento, ilusão
Quem dera ter entendimento
do que ao ser é intrínseco
Então vamos fazer alusão