Acredito que existo
e tudo quanto aquilo que me falam
escuto.
Acredito no que vejo e permuto horas em troca
de comida.
Chamo essa convicação de vida.
Eu me movo mesmo sem querer -
da terra vem um cheiro úmido,
água brota da bica.
O sol é uma certeza, a manhã emociona de tanta de beleza.
As paixões se afloram quando a noite vem, as crianças nascem
e as cantigas fazem bem
Eu me deito ao fim de tudo isso.
O cansaço se abate sobre o corpo.
Exausto, entrego-me aos pensamentos mais profundos.
Reflito.
Perco a condução dos fatos.
Vazão de uma outra consciência.
Adormeço com prazer e me esqueço até voltar a lembrar.
Pelo período de algumas horas não posso afirmar onde estive,
nem o que pensei.
Apenas me sinto revigorado
com vontade de fazer.
Pergunto-me se viver é também querer ter do mistério
a desculpa para nossa performance ruim.
Como quando falhamos no altruísmo; e mesmo o contrário,
quando somos altruístas e nos imaginamos tão alto,
enlevados pelo sentimento de doação,
que quase podemos tocar as nuvens.
Eu não quero vagar sem perceber
e trocar horas por comida
e levar sonhos com a barriga.
Eu não quero me dispersar em (sub)versões de mim.
Fabiano Martins
Viver não é mole não...
ResponderExcluirLindo poema!