terça-feira, 10 de abril de 2018

Verdade

Algo em mim quer revolucionar,
algo me pede para que mude minha realidade
Cada ideologia plantada em mim
pela vontade
Quer transformar a dor em oração
a palavra em poesia
a calmaria em intensidade.
Não sei se reajo, se sou por demais verborrágico
Algo em mim me pede para que seja assim.
A cada gota de suor festejo,
a cada lágrima que me escorre sou grato,
sinto gozo nas palavras que escrevo,
sinto saudade e angústia de verdade.
"Calma", pede-me o cônjuge desacostumado com a minha ansiedade
"Reflete sobre as coisas que diz, encontremo-nos para um café na cidade".
Mas a cidade é fria, esfria o que está dentro da xícara,
fala-me entre sinais de trânsito e pedestres - mina a linguagem.
Porém no momento em o sol se põe a descer, recupero minha felicidade.
No momento em que ofereço a esmola a um menino,
em que o assalto e o espanto se apresentam repentinos, 
em que uma bala atravessa e queima a carne,
no momento em que há dor, em que há amor, 
em que consigo viver o presente tal como ele é.
Mas então, esqueço de quem fui: 
frivolidades, banalidades, efemérides.
O café e a loja de discos,
o carro, os degraus das escadas, 
E as palavras que contrariam o tempo.


Fabiano Martins

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