Sobre a natureza, repousar.
Ver de fato o homem que vai nos atacar.
Ter coragem na luta que precisa acontecer,
embora eu mesmo não saiba porquê.
Sobre o córrego, escorregar; deixar-me ir
e me esvair,
devagar.
Sobre as coisas que disse
e que me disseram:
pesar, pensar, esquecer, abafar.
Voltar para a casa que ainda está lá,
mas que não posso entrar.
Voltar para ficar na porta
e aguardar.
Ver de fato a vida pela cabeça passar,
e saber precisar de ajuda e ajudar.
Sentir à boca amarga, angostura,
e não amargar.
Sentir o golpe duro, justo,
e não golpear.
Absorver, resilir, perseverar.
Nunca temer a luta.
Nunca deixar de lutar.
Sempre conservar a ternura, a empatia e a gratidão
por mais um dia
na imprecisão.
E respirar.
Fabiano Martins