Eu nem percebo que já não sou o último de mim.
Eu nem sei (que de mim) não fui eu quem quis ser.
Estive andando pela rua pensando.
Estive fazendo planos.
Sem entender que de mim esses planos nasciam,
mas que não eram meus.
Eram livres.
Coisas naturais.
Eram, de fato, casuais.
E entre tantos planos,
estive, sim, participando da vida.
Mas não me apercebi que a reproduzia.
Caminhei - mas foi algo caminhou por mim.
Eu achava que bebia e que brigava e que comia.
Enquanto algo era que me queria assim: levando meus dedos ao teclado.
Algo invisível dependurado.
Algo fatídico e inevitável.
Algo verídico e inefável.
Algo político, moral, natural e inexpugnável.
Algo que é por mim.
Destino.
Já não sou último.
Pouco posso ver.
Já não sou o último - algo me leva a crer.
Fabiano Martins