sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Vivo

Caminhar na escuridão da noite
costumava me acalmar
Essa meta linguagem
da vida.
Na escuridão da noite caminhar:
não se pode ver muito
o exercício revigora, 
o espaço mostra-se grande.
Continuamos porque 
do esforço vem uma recompensa química.
Produzo pegadas,
reproduzo diálogos,
volto no tempo,
adianto-me e prevejo certos aspectos
de um mundo futuro.
Andar à noite 
com o corpo livre no espaço,
a deixar pegadas, logo substituídas,
a perder-me em pensamentos
pequenos
que não abarcam a completude 
do que pretendem abarcar.
É um início, sim,
de um poema
que vem me buscar,
e que coroa o fim de cada andança.
Não mudo,
mas estou revigorado
como o rato na roda
como o cão atrás do rabo.
Amanhã recomeço.


Fabiano Martins