O que seremos senão a impossibilidade de ser outra coisa?
O que estaremos planejando se não controlamos nem bem o que pensamos?
Pelo que iremos nos magoar e nos autossabotar em busca dos prazeres momentâneos?
O quanto queremos algo de verdade a ponto de conseguirmos?
O que seremos senão a impossibilidade de sermos outra coisa,
de termos outros medos, outras coragens...
senão a impossibilidade de termos outros olhos,
sentirmos outros gostos,
termos outras formas de absorvemos verdades, de definirmos o mal?
O que queremos de verdade se não conseguimos
nem ao menos definir quem somos?
Se estamos sempre no topo da superfície, de olhos esbugalhados,
tentando respirar e achar clareza,
e, às vezes, dormimos e sonhamos com cruezas,
marés e voos, se sonhamos e não entendemos...
se não entendemos nada nem quando nos contactamos com quem realmente somos
então quem realmente seremos?
Se não podemos nem ao menos isso saber
seguiremos na impossibilidade de ser outra coisa.
Mudar? Sim, muitas vezes mudaremos,
mas a esmo,
por escolhas que escolhemos,
por caminhos que trilhamos (por termos abandonado outros),
por causa das coisas que particularmente percebemos,
das coisas que cativamos e afetamos,
pelas quais achamos que vivemos.
Fabiano Martins